sábado, 9 de maio de 2009

Nascimento e morte - Carmen Apóstolo



Nascimento e morte
Carmen Apóstolo


Vida apaga,

Sol que morre!

Lua nasce,

Esconde a luz!

Quando o homem nasce

Acende-se o candelabro

Do cérebro de pensamentos

E a vida passa!

E a vida brilha ou não brilha

Como o sol em um dia frio,

Como peixe abandonando o rio!

Vida, morteSente o poeta!

E bem na hora certa

Os olhos fecha

Ao som do coração

Que verbera no espaço seu rima

Só, morreu...morreu...morreu!

Um caipira na cidade - Carmen Apóstolo


Um caipira na cidade
Carmen Apóstolo



Falo sério, seu doutor...

Tenho medo da cidade,

Dos carros que aqui voam,

Das motos que me atordoam

Do busão sempre lotado!

Qualquer dia, seu doutor

Meu eqüino é atropelado,

A mulher fica sem jóia

E o meu peixe vão roubá-lo!....

Que saudade de um roçado,

De cana doce, verdinha,

Do corte do meu arado!...

Lá quem voa é passarinho

Que traz no bico o alimento

Que eleva para o filinho!

Falando sério, doutor

Eu falo lá da Amazônia

Altaneira, brasileira

O coração desta terra,

O orgulho pantaneiro!

Não deixe que ele se perca.

Falo também da agressão

Daqueles que digladiam

Mesmo sem saber por quê!

Aqui não fico doutor.

Vou pegar minha viola

E vou dar um grande fora,

Sem querer falar da fome

Porque isso dói num homem

Nada pode fazer

Mas que pede a deus para crer

Que um dia tudo se faça

E que o orgulho da raça

Seja um motivo forte.

E o Brasil de sua morte

Possa cantar e vibrar.

Na canção do amor maior

Mostrando pro mundo inteiro

A força poética do Hino Nacional Brasileiro!

Galinha esperta e avestruz mentiroso - Carmen Apóstolo




Galinha esperta e avestruz mentiroso
Carmen Apóstolo





Mataram o Avestruz

Que embora mentiroso

Parente da galinhada,

Faladeiras, fofoqueiras

Contando e aumentando um ponto,

Não queria ser servido

Nem em grandes mesas fartas

Como aquelas..... como aquelas...

Para uma grande surpresa

Foi o avestruz escolhido

Para a ceia dos Tortinhos.

Mas, o povo da cidade

Na mais santa ignorância

Não sabia, não sabia

Sobre o tamanho do ovo....

E aquela galinha esperta

Que no galho se firmava

Enquanto cocoricavam

as amigas fofoqueiras

E o avestruz mentiroso,

Assistiu bem lá do alto

Aquela última cena.

Da ave bem preparada e servida

em grande estilo

Na granja desentortada!

Por isso, um grande conselho:

Não subestime ninguém,

Pense, pense, raciocine,

Fique na turma do bem!


Avenida Paulista em 1891 - Carmen Apóstolo



Avenida Paulista em 1891
Carmen Apóstolo



Passeavam pelas pedras brancas reluzentes da calçada.

As vestes eram longas....

Os guarda-sóis mais serviam para enfeitar!

Ah! Um cheiro de saudades que não conheço.

Lembranças do já visto, lembranças sutis e um tanto sombrecidas.

Os perfumes das flores, o céu azul, azul a garoa fininha...

Os lampiões eram acendidos enquanto a noite se anunciava.

Ah! Que doce melancolia...tão boa de sentir.

A janela entreaberta demonstrava as flores que bailavam ao som das serenatas.

Era o movimento que, desde então, inspirava trazendo as emoções que habitavam o coração daqueles que versejavam aquecidos do brilho das estrelas refletido em pedras brancas.

As jovens rodopiavam suas amplas saias ao som da música e ao perfume das magnólias que também rodopiavam suas flores perfumadas.

Assim devia ter sido esse paraíso que imagino e que mata-me a saudades que não tenho.

Como vai você? - Carmen Apóstolo


Como vai você?
Carmen Apóstolo


Você perguntou como eu vou,

Eu vou bem, muito obrigada,

A minha veia poética,

Está toda preparada!

Eu vou lhe dizer que o céu

É às vêzes cor de rosa

Hoje ele está perfeito

Sobre a Casa das Rosas!

Segundo Wilham Shakspeare

Não tenha medo de tentar!

Persistir, acreditar,

Perseverar, compartilhar!

Líderes vencem, transcendem

E acreditam no poder da criação

Encorajam, elogiam

Vencendo na evolução!

Praticar a empatia

É uma grande simpatia

Só faça a seu irmão

O quer que ele lhe faça!

Coloque-se no lugar

E procure perdoar.

Assim eu voubem obrigada.

Em todos os momentos

Na passagem detsa estrada.


Hoje eu sou Avenida Paulista! - Carmen Apóstolo



Hoje eu sou Avenida Paulista
Carmen Apóstolo



Hoje eu sou a Avenida do Dr. Eugênio,

a Avenida larga como largos sonhos,

extensa como os passos longos

de alguém que sabe onde vai,

pertinaz e sem temor

o grande batalhador!


Hoje eu sou a Avenida Paulista:

Meus cabelos são as cordas

do sino que badala ao longe,

meus braços são os abraços

que distribuirei à granel,

minhas mãos, eu as estendo

para saudar os amigos,

meus dedos são as canções

que tocam os meus ouvidos!...


Meu olhar é a saudade

de um arco-íris atravessando o céu,

minhas faces a ternura

deslizando sob o véu.


O perfume e os bons ares

fazem-me sentir as flores,

meus lábios detectam o gosto

do puro mel destes sonhos!

Meus joelhos hoje dobram

aos sinos tão ressoantes

meus pés conduzem-me ao longe,

bem de longe nas esferas!...


Sou a Avenida Paulista

com muita honra, senhores,

desde aquele aterro ousado

até os canteiros de flores!...



O melhor momento vivido - Carmen Apóstolo


O melhor momento vivido
Carmen Apóstolo


Que momento seria esse

Que não fora o da saudade ?

O ar puro entre o arvoredo ,

Eu caminhando sem medo

Entre o verde dos cafezais

Com as frutas vermelhinhas...

Eu correndo ,ainda criança,

Já sentindo a esperança

Na imagem retida , gravada,

Das cenas observadas:

O café lá no terreiro,

os homens o rastejavam ,

E o sol contribuíaEnquanto eu , a pensar...

O trabalho já mostrava

Que o progresso tem caminho

Antes de se transformar,

Como o puro cafezinho ...

É assim a vida , senhores ,

Momentos , sonhos , vivências

E saudade que é bom demais

Lembrando um momento lindo

Vivido a tempos atrás !

Saudade , terna saudade ,

Que bem que você me faz !...

O amor universal - Carmen Apóstolo



O Amor Universal
Carmen Apóstolo



O amor desperta o poema,

A vida é uma comédia ,

Uma comédia real

De se rir e de chorar,

Que nos coloca frente a frente

Com o amor universal!

De que vale ao poeta

Essa procura incessante

Se ele está alí bem diante

De tudo que procurou :

O mato verde cheiroso,

Os lírios brancos do campo,

O sol brilhando, brilhando...

O horizonte faiscando

Trazendo um dia perfeito !

As águas passam correndo

brincando à luz do sol astro

No seu trajeto deixando

A beleza do seu rastro !...

Os peixes passam dançando

E o sol vai se escondendono horizonte,

que beleza!

Ao sentir a natureza ,

Inspirar o ar da vida

Porque nos sonhos verdade ,

Há cores pra realidade:

Amarelo , verde ,azul ,todo matiz

Colorindo este universo

Distante de todo mal

E que não cabe num só poema,

Mas cabe no amor do verso

No sentido Universal !...

Sala de espera - Carmen Apóstolo


Sala de espera

Carmen Apóstolo



Estou descrevendo a rua,
A grande sala de espera
Agora não, volte depois
Foi adiada a mensagem
Não é hora de esperar
Nem é hora de partir
É hora de aqui ficar,
Mas, só depois...
Amigos, tudo adiado
De julho para outubro
De outubro para dezembro,
Mas, amanhã vou voltar
Para aqui ficar sentada
E aprender a esperar
E até o quadro da parede
Eu vou poder desenhar
Na parede a barba branca,
O bigode e a carranca,
A foto familiar
Sem sorrisos e severo...
Aprendi a me expressar,
Mas, eu prefiro é a rua
Toda cheia de esperança
Como o homem deve ser,
Bem livre e esperançado,
De todo reivindicado
Social e acontecido
Procissão, comício
Sem desastre, sem espera
É a minha rua perfeita
Em que sempre brinquei nela
É a rua da passarela,
Da sala de espera
Com todos a desfilar.

Os gênios da Bossa - Carmen Apóstolo



Os gênios da Bossa
Carmen Apóstolo



Lembrando Tom e a garota

Com a graça no gingar,

Mais Vinícius , o poeta

E João no violão ,

surgiu a lição tão certa ,

Fenomenal criação !

Samba Jazz, que coisa louca...

Romantismo pelo ar !

Sou eu que hoje vou brindar:

Viva a nova bossaViva a Bossa Nova

Salve Tom

Salve João,

O João Gilberto da bossa

Que transformou a canção !

Como viver o amor - Carmen Apóstolo


Como viver o amor
Carmen Apóstolo


Pra viver um grande amor

Que não só dure , perdure,

É preciso muita garra,

Ser fiel e delicada,

Ainda mais , tem que ser anjo

E singela como a flor,

Com o perfume sutil

Qual o bálsamo da dor.

É preciso ter coragem

De sentir muita saudade,

Saber que a felicidade

Cada dia é de uma cor.

Sentimento conformado

Do “ feliz enquanto dure

“Não será bom , não senhor !

Mas , um amor desprendido

Que não marca tempo ou prazo,

Este sim , deixa o descaso,

Tendo o mundo a seu dispor,

Só pela imensa razão,

De ser o grande e verdadeiro amor!...


Tempos multicores - Carmen Apóstolo



Tempos Multicores
Carmen Apóstolo


Entre a alegria e as flores

A luz vem, logo se espalma

Como fossem cores d alma !

Os canteiros vão se abrindo

Nos campos que vão sumindo

Na perspectiva real !

O sol reflete nas águas

Emprestando a mais um dia

Seu encanto universal !

Os pássaros coloridos ,

Coloridos como as flores ,

Passam todos a trinar

A canção inebriante

Com estribilhos de amar !...

Hoje vemos nos jardins ,

Girassois , lírios , verbenas,

Rosas , cravos e açucenas ,

A festa toda no ar !

A brisa sussurra um salmo ,

As flores mesclam na cor ,

Demonstrando nos matizes

A pureza e o frescor .

E a água cristalina

Vem saltitando da mina

Pra festejar a chegada

Multicor e ensolarada

Dos campos a florescer !

Surge então, a poesia ,

A grande razão de ser :

Diante as cores , a alegria ,

Diante ao sol , o amanhecer !...

Um circo de tempos atrás - Carmen Apóstolo



Um Circo de Tempos Atrás
Mini Conto
Carmen Apóstolo


O dia amanheceu ensolarado numa cidadezinha do interior, há muitos anos.

Os pássaros trinavam o canto matinal.

Eu ainda era menina e brincava com minhasamigas na calçada quando passou pela rua um caminhão transportando um circo.

Estávamos alvoroçadas , correndo e acompanhando o movimento.

Em altos brados anunciavam;- O circo chegou , venham todos. Temos o palhaço Pimpão, malabaristas, trapezistas, macacos e cães dançarinos.

Quando chegou a hora do espetáculo: Os macacos fugiram, os cães não estavam bem , os trapezistas estavam sem trapézio e os malabaristas não tinham com que malabarizar.

Eram pessoas alegres, simpáticas, mas, sem recursos financeiros.

Logo à noitinha foi preciso convocar a garotada para completar o elenco.

Foi um espetáculo diferente !

As crianças entraram em cena sob o comando de Pimpão e com a ajuda de um pandeiro e um violão levantaram a platéia em altas gargalhadas, concorrendo para a alegria das famílias das próprias crianças que ali estavam .

Tivemos trabalho , tivemos lições de vida até o término da temporada.

Assim , aquele circo simples e com poucos recursos, lançou a semente da arte em muitas de nós e contribuiu para o registro da grande e terna lembrança do passado infantil e circense.

A menina e sua boneca falante - Carmen Apóstolo


A Menina e sua boneca falante
Carmen Apóstolo


História Infantil


Maria Buscapé era uma criança que possuia a imaginação muito fértil.

Certa vez uma fada a presenteou com uma varinha de condão e, como o seu sonho era possuir uma boneca falante, igual aquela que parecia surgir, como por en-canto, das páginas dos livros que costumava ler, resolveu fazer sua mágica:

_Abra cadabra - abra cadabra ...Apareceu, então , uma bonequinha cor de pixe , bem falante , com um olho preto e outro vermelho, mas muito inteligente e esperta. Chamava a atenção pelos exageros dos traços, mas sempre se mostrando engraçada , obediente e gentil.

Embora tivesse os olhos de cores diferentes , esbugalhados e indagadores, ela piscava com tanta faceirice que conquistava a atenção e benquerência de todos.

Maria Buscapé, surpresa com os progressos de suabonequinha ,resolveu fazer -lhe uma pergunta:

_Com quem você aprendeu todas essas coisas tão boas ?

_Eu não sabia nada , nem falava, aprendi tudo agora. Eu vim lá da Terra do Seilá , da Flores-ta do Desencantamento e você , minha dona, através de sua varinha mágica me deu vida e vocabulário. E agora que não sou mais tão feia...Você quer ser minha amiga para sempre ?

Maria ficou muito emocionada. Sua amiga falante parecia muito linda...Abraçou-a com muito carinho e retribuiu com os mesmos sentimentos ,gravando bem o provérbio que sempre admirou:“ QUEM O FEIO AMA BONITO LHE PARECE”

Lamentos no sertão - Carmen Apóstolo



Lamentos no Sertão
Carmen Apóstolo


Os juazeiros cansaram...Cansaram de arribar. Já não davam suas frutas e seus galhos ressequidos sumiram na paisagem sem cor. Pareciam haver tombado lá no marco do horizonte onde nunca chegarão. Recuaram, sumiram...


Tudo era silêncio quando um som bem suave e triste , na forma de um lamento, surgiu entre as ossadas de animais e raízes secas já desprendidas da terra.


Fui me aproximando até chegar por perto.


Era um homem de aparência rude, com as mãos e pés esturricados pelo sol e a pele quase a lhe grudar nos ossos.


Os dedos sangravam sobre a terra que chora a secura de seu veio.


Raimundo era seu nome.


Ali estavam: o retirante, a mulher, dois filhos e um cãozinho fiel.


Todos a acompanharem o calvário, os lamentos profundos daquele homem, ao qual só restava a esperança.


A mulher seguia o mesmo pensamento do companheiro. Achava que o únicoremédio era crer e esperar.


E aquele homem , nada fazia senão olhar para o céu à procura de um sinal de chuva.


Um dia ele resolveu confidenciar-me seus profundos sentimentos:


_Não sei porque solto as palavras amargas da minha boca !


É como se eu pudesse, assim, consertar o mundo!


O filho mais velho pôs-se a chorar.


O pai acrescentou:_Anda, condenado do diabo, gritou-lhe ao ouvido, ao que ele respondeu:_ Eu sei, meu pai, que você me ama!


Em meio a tudo isto, a chuva caiu, a catinga ficou verde como a esperança, os meninos brincavam felizes na terra fofa.


Foi a verdadeira Ressurreição! E o mandacaru na serra, redimiu os pecados da miséria e da fome.


Fatos inesquecíveis - Carmen Apóstolo


Fatos inesquecíveis
Carmen Apóstolo


Quando pequena eu sempre reunia meus amigos :Mariazinha, Clara,Luiz e Zezinho. Elesgostavam de ouvir as histórias que eu inventava. Todos ficavam atentos esperando os acontecimentos finais.
O tema preferido sempre era sobre uma pequena cidade subterrâneahabitada por seres diferentes que provocassem curiosidade.
Eu também , acabava fazendo parteda platéia.
_Agora , crianças , cheguem para cá !
Vou lhes contar uma coisa que se deu nesta área da lavanderia, bem aqui na minha casa ,em volta deste tamque.
Nesse lugar mora uma família de anões bem miúdos e habitam debaixo da terra deste quintal. Quando todos vão dormir , eles sobem pelo ralo que eu sempre deixo sem tampa para facilitar as coisas.
Os anõezinhos gostam de brincar, conversar, cantar e também contar suas façanhas.
O pai se chama Guié, a mãe, Guiá e os irmãos: Gaíá , Gaiê, Gai e Gaiô
Eles sempre abrem as portas de sua cidade e me convidam a entrar._ E você nunca teve medo? - perguntou Zezinho.
_Ah , se tive! Quase morri de susto quando me transformaram num sêr minúsculo .
Imaginem ,eu, pequenina e diante de mim dois leões enormes e ferozes ,prontos para me atacar ?
O que você faria ?
_Eu correria a não mais poder, respondeu o menino.
Aí , Mariazinha , um tanto preocupada,..
_Pelo menos você fechou o ralo para os animais não saírem?
_Ah, minha amiga , eu me esqueci !
Eles estão por aí ,mas não tenham medo , eles não mordem ,só engolem.
Olhem...Estão vindo para cá !
Nesse momento , os quatro irmãos saíram correndo tanto ... Pareciam voar ! E eu voei junto



Rosas vermelhas - Carmen Apóstolo


Rosas vermelhas
Carmen Apóstolo



Vilma enxugava as lágrimas com seu lenço de seda . Era o momento do amor já envolvido pela saudade.
. Um barco ao longe deslizava sobre o mar revolto fazendo seu coração quase saltar do peito.José partiu e as esperanças enfraqueciam pouco a pouco .
A moça pertencia a uma família pequena:senhor Pedro e senhora Luiza. Eram muito ricos. O mesmo não se poderia dizer sobre o rapaz. As diferenças marcantes acarretaram o final do romance .Para evitar comentários , mudaram-se para bem longe. A filha ficava cada vez mais triste, definhava. Os pais se descontrolaram no rumo dos negócios perdendo tudo o que tinham.. Sete anos se passaram.
O dia anunciava um belo domingo ensolarado!Todos foram à missa naquela pequena cidade interiorana .Dona Luiza , sempre elegante a salvar as aparências .No final das atividades dominicais,
quando saíam da igreja, depararam com uma linda Limozini estacionada bem ali em frente.Dela saiu primeiro o chofer, bem uniformizado, seguindo o protocolo que a situação exigia.
A jovem , para ser agradável ao pai , exclamou com um tom diferente na voz:
_Papai , o carro dos seus sonhos !
_Mas você é o maior dos meus sonhos! _acrescentou _
Nesse momento , um homem bem vestido se aproximou. com um viçoso ramalhete de rosas vermelhas-Vilma não teve dúvida, atirou-se nos braços de José, abraçou-o e com toda paixão e disse emocionada :
_Eu sabia , meu amor,você nunca me esqueceria. .Ele respondeu ternamente:
_Minha amada,um grande amor não tem fronteiras,, terá sempre o perfume e o viço das rosas vermelhas. Pode morrer a cada dia ,mas renascerá no próximo instante se for mesmo, o verdadeiro !
E os beijos ardentes como o fogo a crepitar,testemunharam o renascimento do amor.


Emengardo, o caipira - Carmen Apóstolo



Emengardo, o Caipira.

Carmen Apóstolo



Emengardo, recém chegado do interior, foi logo arrumando um trabalhinho em São Paulo,em um sobrado espaçoso, comportando atividades completamente diferentes : as do andar de cima e as do andar de baixo.

Assim era conhecido esse estabelecimento bem popular.

Quem morava ali por perto, já sabia o que e onde encontrar.
Naquele dia, mais ou menos as doze e meia, na hora do almoço, chega um senhor bem vestido, olha aqui e lá, dá com o caipira e pergunta:
_Aqui se come bem, amigo ?
_Sei dizê não, seu dotô.Eu desci aqui pra pegar duas caixa.
_Eu estou falando de um bom prato!
O caipira coçou a cabeçorra e respondeu:
_É, mas eu só conheço essas imbalage... Aqui, ou é na caixa , ou é no vidro.E tem que trazer receita.
_Olhe, ali no topo da escada está escrito café.Tem cafezinho, pelo menos?
_Não, a tal da cafetina fais mar !
_E, que tal uma bebidinha?
_Bebidinha, só na torneirinha!
_E um sanduichão?
_O sanduicheiro infartou!
_Como? Eu sou médico, Dr. Felisbino a seu dispor.
_Não se assuste doutor, ele sempre infarta e quando vem, é de má vontade.
_Ah, !Tem ali um homem comendo na mão !
_Tá comendo não.Ele tá contando quantos dedos tem. Esqués de tudo enem sabe falar direito !
O Dr, indignado, perde a paciência e encerra tudo com um pedido irônico:
_Ai, Ai... Traz pra mim ,deiz carmante e uma caixa dágua. E sai apressado.
Emengardo corre para a porta e grita:
_Doutor, o senhor não queria almoçar ? É no andar de cima, UAI !...

Estou vendendo um realejo! - Carmen Apóstolo


Estou vendendo um realejo
Carmen Apóstolo


Jacy estava completamente apaixonada e resolveu se casar com João Pedro, um rapaz elegante de sua cidade.

Nos primeiros meses tudo corria bem até ela perceber alguma coisa não esperada...

Seu marido recebia muitos amigos em casa, a portas fechadas, tratando de assuntos dos quais elanão fazia parte.

Ouvia sempre uma palavra aqui, outra ali...

Seu querido era um viciado.

Ficou pensativa !

_Tenho que tentar, não posso abandoná-lo a sua própria sorte !

Nós nos amamos tanto...

A moça, muito perspicaz, foi analisando os pontos das poucas palavras ouvidas e logo entendeu :

_Tenho que agir com a máxima presteza!

Preciso salvar João Pedro.

Montou uma estratégia, comprou um realejo com um periquito verde-amarelo.

Era um verdadeiro dançarino.

Movimentava-se ao ritmo e ao som das valsas vienenses.

A menina treinou bem, deu corda naquela caixa mais de mil vezes para ouvir aqueles sons , trocou todas as mensagens que a avezinha pegava com o bico para entregas às pessoas como um aviso da sorte.

As frases eram todas muito positivas e entusiásticas como:

_ Você é uma pessoa maravilhosa! .

_Toda sua vida será modificada para melhor!

_Converse com as estrelas, ouça o seu interior!

_O silêncio também é bom conselheiro!

_Escute a voz do coração , ela o conduzirá ao maior sentimento, o amor !

Todas as noites ,quando o marido chegava do trabalho, os dois retiravam seus prognósticosque a ave trazia .

Vibravam em meio aos sons e palavras, abraçavam-se e beijavam-se efusivamente.

Com o passar do tempo, aqueles bons pensamentos se enraizaram e acabaram por se transformar em bons hábitos.

Com isso, venceram todos aqueles obstáculos e são felizes até hoje!

Estou vendendo um realejo ! Você quer comprar ?


Além do véu! - Carmen Apóstolo


Além do Véu
Carmen Apóstolo



Com o rosto coberto

Por um Tênue véu,

Isis fica à espera

De uma luz do céu.

No saber,

A idealização do ler!

Como não sentir

Que o véu nos envolve a face

Levando-nos a entender

Que através da filosofia

Há um mundo de sabedoria

Que tudo pode abranger:

Ler, entender,

Reconstituir idéias,

*Do nada se perde,tudo se transforma*,

Não importa a forma

E sim a lógica

E a experimentação da ciência,

Cada uma a conduzir

A verdadeira sapiência.


Bêbado trapalhão - Carmen Apóstolo




Bêbado e trapalhão
Carmen Apóstolo


Os bombeiros foram chamados para salvarem um suicida que estava pendurado nas grades do Viaduto do Chá. Estava muito bêbado e só falava em versos.

Nesse momento passou por ali um grande apresentador de T.V. , muito sério, e também com a fisionomia bem amarrada . Ele tentou convencer aquele senhor a mudar de idéia.

Fez uma entrevista com rimas para ser mais convincente :


Apresentador:

Meu senhor, o que o levou

A essa atitude tomar ?

Só por causa de uma lei

O senhor quer se matar ?

Desista de tudo isso,

Venho aqui pra negociar



Bêbado:

Foi a lei seca, doutor

Essa coisa atrapalhada,

Me levaro pra cadeia ,

Me fizero toma banho

Da cabeça até no pé

Mia muié ficou danada,

Diz que por causa da pinga ,

A lei seca foi molhada!


Apresentador:

Não beba mais, nunca mais,

Quem bebe perde o que tem,

A bebida não convém !


Bêbado:

Nos campo do fazendão

Eu perdi minha boiada,

La se foi o meu carrão

E minha viola afinada!

Fiquei sozinho na estrada,

Eu e a pinga marvada !

Mais si é pra salvar gente

Nunca mais eu vou morrerIsso fica pra depois...

Quando eu parar de beber !...


Os bombeiros e o apresentador salvaram a vida do bêbado trapalhão que retirou de uma sacola amarrada na cintura , um belo litro de pinga dizendo :


_Amigos, vamos brindar a vida !...

Um mineiro na ponte aérea - Carmen Apóstolo



Um mineiro na ponte aérea
Carmen Apóstolo


Orlando era um mineiro muito rico e muito medroso.

Fazia sua primeira viagem de avião , em primeira classe, de Confins ao Rio de Janeiro.

Estava esbaforido de medo.

Mais ou menos na metade do trajeto ele grita , desesperado :

- Dona aeromoça, estou sentindo um calor do Tisnado , do Duba

-Dubá, sei la... Um momento, vou buscar um dicionário !

_Por acaso a senhorita vai me abanar com ele?

_Pelo menos vou saber o que o senhor está falando.

_Eu quero é tirar a roupa, puxe daí que eu puxo de cá...

Ajude, Abra a porta que eu quero sair !

_Não é possível, senhor, calma!

O avião entrou em turbulência e Orlando desatou os laços de seu repertório regional, gritando:

_Socorro.............Socorro ! Estou atordoado com essa tremedeira de avião. Moça, oipossevê:Eu fiquei sensabê doncovim e proncovô !

_O senhor já chegou ao seu destino.

_Oncotô ?

_Na Cidade Maravilhosa do Rio de Janeiro !

...Dirigindo-se à aeromoça, o mineiro pergunta com toda simplicidade:_Agora posso por a roupa?


É Natal! - Carmen Apóstolo


É Natal !
Carmen Apóstolo


É natal , as luzes piscam

Como quisessem brincar,

Recordando o nascimento

Do amor que todos têm,

Nasceu um rico menino

Na pobre gruta, em Belém !

Foi saudado por reis,
Pastores e animais
E a estrela brilhando ao fundo

Conduzia ao primeiro lar

Onde nascia o Salvador do Mundo!

Hoje a noite é feliz,

É feliz e iluminada ,
Lembrança ,já consagrada
Que o tempo não apaga !

De presente, a cada ano,

Mais um dia nascedouro,

Reluzindo sempre o ouro

Na manjedoura, em Belém!

Pois, eis que surge de novo

A mesma estrela brilhante

A festejar novamente

O renascer importante !

Oh celestial criatura,

Escutai a nossa voz :

- Hosana a Deus nas alturas,

Paz na terra a todos nós !

A menina do casarão - Carmen Apóstolo


A Menina do Casarão


Carmen ApóstoloLola, quando menina, morava num casarão ao lado da matriz, na cidade Rio do Meio.

Todos os anos na ocasião do natal, aquela grande família se reunia ali para festejar a data.

Bem , o melhor é que eu conte de uma vez a vocês como tudo ocorria nessa ocasião: Era noite de natal!

Tudo estava iluminado !

Na sala , a mesa comprida , comportava até os que resolvessem aparecerde última hora..

A leitoa pururuca, o arroz de forno e o cabrito assado...

Ah! La isso não faltava!...

E, também o mantecau, o doce espanhol de tia Antônia , era o preferido dos doces.

Ai , era pra comer de olhos fechados !

Enquanto isso , as crianças corriam de cá pra lá, ali perto do quintal.

A praça já estava movimentada .

O carrilhão da torre da igreja marcava vinte e duas horas.

Daí até meia noite era um corre-corre danado!

Estavam todos a espera da missa do galo , a meia noite.As crianças , quando passavam pela sala já iam se deliciando com aqueles docinhos gostosos feitos por tia Conceição..

Tudo era festa, com muita alegria e muita fartura!

A jovem se lembravade todos os fatos e os relatava a mim de maneira singular.

Parecia que lá eu estava a fazer parte do Manjar dos Deuses .

Os sapatinhos das crianças , cheios de capim verdinho, ficavam na janela para que o cavalinho de Papai Noel comesse, caso tivesse fome.

Naquela época não se ouvia falar em renas, Noel vinha a cavalo mesmo!

Depois de apear , subia no telhado e descia pela chaminé,deixando os presentes debaixo da árvore ou nos sapatinhos cheios de capim.

Isto, só depois da turminha se deitar para dormir.

E, que eu saiba, ninguém dormia...

Entre os priminhos crianças havia mais de dez , que hoje não são mais crianças e se transformaramem respeitáveis senhores e senhoras.

Sempre, por ocasião dessa data, Lola recorda com saudade que lhe dói forte...

Tudo como já disse Fernando Pessoa no seu poema “Aniversário “ “...As tias velhas, os primos diferentes... “Muitos anos se passaram...

Um dia Lola voltou à cidadezinha para matar a saudade.

Estava tudo quase como dantes, a não ser a matriz que foi ricamente reconstruída.

Para sua surpresa, o casarão estava todo iluminado !

Chegou-se até a calçada e ali deparou com o primo mais velho, o senhor Justino, que muito comovido disse:Hoje sou dono do velho casarão e de todas as alegrias que aqui vivemos

A mesa ainda está lá esperando um delicioso leitão e os docinhos tão gostosos porque aquelas crianças, somos nós !